Um dos pioneiros da defesa do ambiente em Portugal, Gonçalo Ribeiro Telles, faleceu hoje aos 98 anos.

Figura tutelar da defesa da ecologia para fundamentar a intervenção na paisagem e no território, Gonçalo Ribeiro Telles foi o responsável pelo lançamento da política de ambiente em Portugal, cuja legislação incentivou quando passou por vários cargos públicos, nomeadamente como ministro de Estado e da Qualidade de Vida.

Da sua passagem pelo governo nasceu um conjunto de decretos-lei que foram determinantes para a definição de uma política de ambiente e de paisagem, destacando-se a Reserva Agrícola Nacional e a Reserva Ecológica Nacional.

Enquanto deputado na Assembleia da República são da sua responsabilidade as propostas da Lei de Bases do Ambiente, da Lei da Regionalização, da Lei Condicionante da Plantação de Eucaliptos, da Lei dos Baldios, da Lei da Caça, e da Lei do Impacte Ambiental.

Foi um dos principais responsáveis pelo desenho das áreas verdes de Lisboa, de Monsanto às zonas ribeirinhas, oriental e ocidental, do Vale de Alcântara, ao Jardim Amália, no Parque Eduardo VII, sem esquecer o mais antigo Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, que fez em parceria com Viana Barreto, pelo qual recebeu o Prémio Valmor, nem projetos noutras zonas do país, como o Vale das Abadias, na Figueira da Foz.

É dele o projeto visionário do célebre corredor verde de Monsanto, uma pista para peões e utilizadores de bicicleta que liga os Restauradores ao parque florestal de Monsanto.

Grande defensor da proteção legal dos parques naturais, dos jardins e hortas urbanas, os seus projetos como arquiteto paisagista moldaram de forma significativa não só a capital, mas também a área metropolitana.

Gonçalo Ribeiro Telles já havia sido condecorado com o Prémio Nacional de Ambiente e com o Prémio Carreira da Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente (CPADA).

Sempre se mostrou disponível para colaborar com esta confederação e foi várias vezes orador em encontros de defesa do ambiente.

“A construção da paisagem humanizada faz-se procurando harmonizar os interesses do Homem com a Natureza, porque ele é, ao mesmo tempo, senhor e escravo dela”, afirmou o arquiteto Ribeiro Telles na sua última lição que oficialmente ministrou na Universidade de Évora.

Ainda tínhamos tanto a aprender com ele.

A CPADA endereça as condolências à família, aos amigos e a todos os que gostavam dele e o admiravam.

A CPADA aplaude a decretação de Dia de Luto Nacional nesta quinta-feira, e fez diligências para que isso se proporcionasse.

Na fotografia, José Manuel Caetano, presidente da CPADA entrega o Prémio Carreira ao Arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, em 2001.